O observatório Copernicus, da União Europeia, confirmou nesta sexta-feira (10) que o ano de 2024 foi o mais quente da história da humanidade, com aumento inédito de 1,6°C em relação à média de temperatura registrada no planeta na era pré-industrial.
O anúncio já era dado como certo, uma vez que as temperaturas escaldantes verificadas em novembro pelo órgão tornaram matematicamente improvável que o recorde anterior de 2023 não fosse batido até dezembro.
O mesmo aconteceu no Brasil, onde o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) confirmou a média de 25,02°C em 2024, temperatura mais alta desde 1961, início da série histórica do órgão oficial de meteorologia brasileiro.
Um aumento de 1,6°C pode parecer pouco em um ano, mas é significativo quando comparado às variações anteriores da história recente da Terra. Segundo cientistas, o aquecimento gradual dos últimos anos já trouxe mudanças ambientais com consequências graves, sentidas em fenômenos recentes de secas severas, incêndios florestais e chuvas devastadoras.
Para evidenciar o que a mudança representa ao longo do tempo, a Folha reproduziu em formato de crochê o gráfico de cores conhecido como "climate stripes" (listras do clima).
O modelo de visualização criado pelo cientista britânico Ed Hawkins em 2018 –hoje difundido no mundo todo–, foi inspirado no trabalho manual de outra cientista chamada Ellie Highwood, que fez um cobertor com as temperaturas de 1916 a 2016 para presentear um bebê. Paralelamente, a cientista australiana Joan Sheldon também fez um cachecol de crochê para representar as temperaturas de 1600 até 2000.
Segundo a escala de cores do gráfico da Folha, quanto mais quente, mais forte é o tom de vermelho e quanto mais frio, mais azul. Assim, é possível observar como o vermelho se concentra principalmente na última década, com sucessivos recordes.
A análise usada pela reportagem considera os dados de temperatura média anual do planeta calculados pelo Copernicus desde 1940, comparados à média observada de 1850 a 1900. O período anterior à Revolução Industrial é utilizado como parâmetro, já que os efeitos do aquecimento foram potencializados após o início da emissão em larga escala de gases de efeito estufa.
Além de ser o mais quente da história, 2024 também quebra o limite de aumento acima de 1,5°C que havia sido estipulado pelo Acordo de Paris, em 2015. O tratado firmado por mais de 190 países tenta frear consequências ainda piores do aquecimento global.
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