Bruno Boghossian

Jornalista e mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA), foi colunista da Folha de 2018 a 2025 e atualmente é Secretário de Redação da Sucursal de Brasília

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian
Descrição de chapéu Venezuela Eleições nos EUA

Maduro prepara uma nova etapa de fechamento do regime

Logo antes da posse, ditador turbinou aparelho de segurança e direcionou mira para opositores

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

Logo antes de assumir um novo mandato, Nicolás Maduro reuniu suas tropas. Durante a semana, o ditador venezuelano vestiu uma roupa camuflada e discursou para as milícias bolivarianas, formadas por militares da reserva e civis que atuam a serviço do chavismo. Depois, ele se encontrou com comandantes das Forças Armadas para lançar um programa regional de defesa.

Nos dois atos, a tônica de Maduro foi a mesma. Ele acusou a extrema direita fascista de tramar a derrubada de seu regime, com o apoio de governos estrangeiros. Noticiou a prisão de mercenários que estariam envolvidos nesse plano e anunciou o reforço de órgãos armados para, de acordo com suas palavras, defender a soberania do país.

Maduro sabe que não é fácil a vida de um governante com um mandato ilegítimo, reivindicado após uma eleição com claros indícios de fraude e marcada pela recusa do regime em apresentar as atas oficiais de contagem dos votos. A insatisfação de parte dos venezuelanos e a volta de protestos às ruas do país levaram o ditador a exibir suas armas.

Os sinais emitidos por Maduro indicam que a posse desta sexta-feira (10) marcará a inauguração de uma etapa adicional de fechamento do regime. A caracterização de opositores como conspiradores não é uma novidade em si, mas o ditador decidiu dobrar a aposta num aparelho de segurança turbinado para intimidar e punir seus adversários.

O quadro exige do Brasil uma postura muito mais enérgica em relação a episódios de violação de direitos políticos praticados pelo regime chavista. Preservar os canais diplomáticos, o que inclui a ida da embaixadora brasileira à posse, será uma ferramenta necessária para esta missão. O governo Lula, no entanto, deveria reduzir a zero a temperatura da relação com Maduro.

Os olhos do ditador, a esta altura, estão voltados para o norte. O perfil imprevisível e os sonhos intervencionistas manifestados por Donald Trump deixam o venezuelano em estado de alerta. Num esforço comovente para poupar o republicano, por enquanto, Maduro atribui as supostas ameaças imperialistas que cercam seu regime apenas ao governo de Joe Biden.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.