Até poucas semanas atrás, Xóchitl Gálvez era apenas uma das senadoras da oposição.
Hoje, é a mais séria aspirante à candidatura presidencial na recém-constituída Frente Ampla pelo México, integrada pelo Partido Ação Nacional (PAN), o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido da Revolução Democrática (PRD).
Apesar de ter passado despercebida até pouco tempo atrás, um evento na política autoritária do presidente a catapultou para o centro das atenções.
Andrés Manuel López Obrador (AMLO), em um excesso durante sua conferência diária, apontou-a pelo nome e sobrenome como uma das políticas que se opuseram à vigência dos programas sociais como a Pensión a los Adultos Mayores, Jóvenes Escribiendo el Futuro e Sembrando Vida, entre outros.
Essa alegação, que se revelou uma mentira, foi levada a instâncias judiciais e um juiz concedeu à senadora o direito de resposta.
Em seguida, ela se dirigiu ao Palácio Nacional, onde é celebrada a conferência diária, bateu à porta, mas não foi atendida, e essa rejeição a visibilizou como possível candidata à frente presidencial.
Gálvez vem da população otomí do estado de Hidalgo, uma das mais pobres do país.
Quando criança, trabalhou para sustentar a família e ainda muito jovem migrou para a Cidade do México, onde, graças a uma bolsa de estudos, estudou na Faculdade de Engenharia da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), tornando-se mais tarde uma empresária de robótica.
Ela, no entanto, não perdeu o contato com sua comunidade e mais tarde trabalhou durante o governo de Vicente Fox como comissária nacional para os povos indígenas, função que a levou a iniciar sua carreira política.
Posteriormente, foi chefe da delegação da Cidade do México, candidata malsucedida a governadora de seu estado e senadora, mas sem pertencer a um partido político, o que, para alguns observadores, a posiciona como uma "outsider" da política mexicana.
Desde o Senado da República, Gálvez tem trabalhado para alcançar a nomeação da oposição para chefe de governo da Cidade do México, e as pesquisas de intenção de voto a colocam nos primeiros lugares.
No entanto, após a recusa no Palácio Nacional, ela decidiu buscar a candidatura à Presidência da República em 2024. E hoje sua figura se destaca entre os aspirantes não partidários.
A visibilidade de Gálvez causou alarme no Palácio Nacional e entre os chamados "corcholatas", como são conhecidos os candidatos pró-governo, que estão percorrendo o país para que, no final de agosto, uma pesquisa decida qual dos seis aspirantes será o candidato.
São eles a ex-chefe de governo da Cidade do México, Claudia Sheinbaum; o ex-ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard; o ex-ministro do Interior, Adán Augusto López; os senadores Ricardo Monreal e Manuel Velasco; e o deputado federal Gerardo Fernández.
Atualmente, Gálvez está em todos os meios de comunicação, enquanto a presença dos "corcholatas" está diminuindo e é provável que isso continue até o final de agosto.
Isso levou a Presidência a lançar uma forte campanha contra a candidata e as mídias favoráveis ao governo, com algumas críticas que beiram a violência de gênero e a misoginia.
Não se deve esquecer que, no início do mandato, a senadora rejeitou, por causa de sua "voz independente", um convite de López Obrador para participar do governo.
Um aspecto que está funcionando contra a candidata são os métodos usados para produzir seu candidato(a) presidencial, já que oficialmente a campanha eleitoral não começa até a última semana de novembro.
O que vem acontecendo, de ambos os lados, são atos de pré-campanha, o que provocou reações e críticas como as do partido Movimiento Ciudadano. Seus dirigentes consideram que o princípio da concorrência leal está sendo violado e que o sistema de justiça eleitoral deveria intervir.
Em suma, a corrida para a Presidência da República já começou, com uma grande distribuição de recursos entre os candidatos "corcholatas" e os aspirantes da oposição, que se dividem entre aqueles que poderiam ser considerados "partidários" e os "outsiders", incluindo Gálvez.
A final está se desenhando entre duas formadas da Unam: a física Claudia Sheinbaum e a engenheira de computação Xóchitl Gálvez.
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