Acabou, enfim, a polarização. Os debates políticos, que vinham caminhando em direções inconciliáveis, finalmente se conectaram.
A convergência não foi apenas entre PL (R$ 863 milhões) e PT (R$ 604 milhões). Também provocou um impensável alinhamento cósmico entre União Brasil (R$ 517 milhões), PSD (R$ 427 milhões), MDB (R$ 410 milhões) e PP (R$ 406 milhões).
Zeca Dirceu e Altineu Côrtes finalmente superaram o abismo ideológico que os separava. Deputados que são contra e a favor da Lei Rouanet superaram suas diferenças. Todos concordaram que não dá pra fazer eleição municipal este ano sem um financiamento público de R$ 4,9 bilhões.
Não houve guerra de narrativas, disparos de fake news, pedidos de recontagem ou dúvidas sobre a votação eletrônica. A democracia foi tratada com respeito. Apesar dos protestos cívicos do Novo e do PSOL, que propuseram uma redução do fundo para R$ 900 milhões, a maioria foi ouvida e o valor bilionário foi aprovado.
O fundão estratosférico vem num momento oportuno. Na última terça-feira, dia 23 de janeiro, o G1 publicou um estudo que mostra como "o poder de compra do brasileiro foi corroído" em dez anos.
Como nas eleições municipais de 2020 o valor do fundão foi de R$ 2 bilhões, o Congresso passa uma mensagem que visa claramente motivar a população brasileira. O recado que fica é o seguinte: "Eleitor, seu poder de compra caiu em dez anos e o nosso dobrou em quatro anos. Basta se esforçar o suficiente para dobrar a sua metade". Um lindo exemplo.
O retorno foi imediato: pessoas em todo o país já foram vistas se esforçando.
Outro efeito positivo também promete provocar reflexos transformadores na sociedade: soa óbvia a ideia de que é possível realizar uma eleição com um fundo eleitoral radicalmente menor. Mas o fundo de R$ 4,9 bilhões estimula o brasileiro médio a buscar sempre os melhores serviços e ser mais exigente.
É o caminho que precisávamos para sair da polarização paralisante. Para criar um ambiente saudável de entendimento e civilidade que tolere o contraditório e busque o bem comum. Para permitir o surgimento de novas vozes e ideias que saiam do lugar-comum de agradar suas respectivas bolhas. Para buscarmos a excelência.
A aprovação do fundão eleitoral de 4,9 bilhões é um marco em prol de um novo Brasil.
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