É inovadora a ideia de começar a privatização do Brasil pelas praias. A substituição da falida democracia por um modelo de gestão mais eficiente requer coragem e visão empreendedora.
"O Brasil precisa ser administrado com a eficiência de uma loja da Kopenhagen", explicou Flávio Bolsonaro. "Pra que um presidente quando se pode ter um CEO?", concluiu.
Em seguida, o Senado apresentou o projeto de privatização ampla, geral e irrestrita de todo o território nacional: "Somente um board enxuto de acionistas pode promover um downsizing da máquina pública ao mesmo tempo em que maximiza os lucros da nação", defende o texto.
De acordo com o projeto, assim que o Brasil passar oficialmente para as mãos de investidores internacionais, as eleições devem ser canceladas. Um gráfico em forma de pizza mostra que as eleições têm um custo altíssimo e uma logística insana.
Todo o corpo de senadores, deputados, vereadores, juízes e procuradores será substituído por três diretores indicados pelo CEO: a diretoria de finanças, a diretoria de marketing e a diretoria de recursos humanos.
Educação, saúde, aposentadoria e segurança deixam de ser responsabilidade do CEO que administrará o Brasil. Em troca, os brasileiros empregados receberão ticket refeição de R$ 500.
A diretoria de finanças definirá trimestralmente o quão grande será o corpo de empregados da empresa Brasil. Já está claro que não haverá emprego para todos. Estima-se que a população brasileira seja reduzida para, no máximo, 50 mil pessoas. As demais serão demitidas.
Quem não quiser deixar o país espontaneamente será acompanhado por um segurança até a fronteira.
Investidores projetam um aumento de 10.000% no lucro líquido em dois anos. Com a modernização dos meios de produção, estudos indicam que a população brasileira em 2040 será de 289 pessoas. Para 2050, o projeto deixa claro que todos os 19 brasileiros viverão livremente sem o risco de serem assaltados. "Brasil será o país mais rentável do mundo em 2055", destacou o editorial de um jornal.
E tem mais notícia boa: a meta pode ser batida com antecedência caso o departamento de marketing consiga vender os naming rights do Brasil (que pode passar a se chamar Red Bull Brazil).
Em caso de falência, o contrato de concessão do Brasil para a iniciativa privada prevê que o país volte a ser uma democracia. E que os acionistas sejam indenizados pelo Estado.
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