Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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Stop making stupid people president

Seria bom se Trump fosse somente estúpido

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O esforço foi grande e duradouro. Durante toda sua trajetória como empresário e celebridade da TV, Donald Trump se esmerou para construir uma imagem pública de um estúpido. Parecia seguir a máxima de Carlos Imperial, "Somente a vaia consagra o artista", para pisar no acelerador a cada oportunidade que tinha de ser grosseiro, cruel e ególatra. Tornou-se uma espécie de filho pródigo de Odete Roitman com Caco Antibes.

Trump fez sua fortuna construindo prédios de gosto duvidoso, driblando leis, pagando mal os funcionários e fazendo acordos que são contestados na Justiça. No fundo, "Make America Great Again" significa transformar os Estados Unidos num grande Balneário Camboriú.

O problema, como se vê, é que Trump não é somente estúpido.

Sua ascensão política calhou de acontecer num tempo em que o eleitor está em busca de soluções extremas. E a solução extrema que Trump oferece para o futuro é uma fantástica viagem aos anos 50. Um tempo em que a população mundial era de 2 bilhões e meio de pessoas. Havia empregos para os americanos brancos, que podiam maltratar à vontade suas esposas, ignorar os filhos e explorar os estrangeiros. Era o sonho de uma sociedade construída para dar ao homem branco a liberdade ampla para transar com quem quisesse e para maltratar quem quisesse. Esse é o conceito de liberdade que visam resgatar.

A imagem mostra uma composição gráfica em estilo minimalista com blocos de cor. Na parte inferior, há uma série de formas retangulares em laranja que lembram prédios, criando um horizonte urbano estilizado. Ao fundo, no canto superior esquerdo, uma área em azul claro contrasta com o laranja, onde uma forma branca que se assemelha a uma palmeira estilizada está desenhada, sugerindo um clima tropical ou uma representação de uma cidade com natureza integrada. As formas são simples e geométricas, com uma paleta de cores vibrantes, predominando o laranja, o azul claro e o branco.
Débora Gonzales/Folhapress

Hoje vivemos num mundo complexo, interligado pelo trabalho remoto e que presencia um esforço mundial para dar direitos iguais a mulheres, negros e gays. Um mundo com 8 bilhões de pessoas.

Como continuar prosperando, explorando e enriquecendo num mundo tão complexo e populoso? As respostas passam por criar mecanismos, controlados por algoritmos, que reduzem a complexidade agrupando pessoas com pensamentos comuns. E, principalmente, vendendo a ilusão de que um trabalhador de aplicativo que rala 18 horas por dia para pagar seus boletos é um empreendedor. A revolução de Trump e Musk quer um mundo sem regulações para suas ambições.

Uma distopia que vende a ideia de que um candidato investidor, empresário e integrado ao sistema financeiro é… antissistema. Pela estranha lente do celular, sua arrogância é vista como firmeza. As fake news estão tão dissimuladas pelos WhatsApps que as pessoas se acostumaram ao descolamento da realidade. As mentiras diárias, incontáveis e irresponsáveis de Trump simplesmente não importam.

O mundo de Trump é o da mentira, da concentração de renda e da tal liberdade selvagem do homem branco rico. Quem dera fosse apenas estúpido.

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