18/04/2005
Lustiger se converteu para o catolicismo em 1940
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Folha Online
AP |
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Jean-Marie Lustiger: arcebispo de Paris |
O francês Jean-Marie Lustiger é uma figura de destaque no diálogo judaico-cristão, nas questões de direitos humanos e racismo. Além disso, sempre foi um crítico "feroz" à ascensão da extrema direita na Europa.
Nascido em 17 de setembro de 1926, em Paris, Lustiger é filho de judeus poloneses que migraram para a França antes da primeira Guerra Mundial (1914-1918). Seus pais foram perseguidos pela Alemanha nazista de Adolf Hitler após a eclosão da segunda Guerra Mundial (1939-1945). Quando a França foi ocupada em 1940, eles foram presos pelos nazistas e levados para o campo de concentração de Auschwitz, onde sua mãe morreu em 1943 (o pai sobreviveu).
Em janeiro deste ano, Lustiger foi o representante de João Paulo 2º nas celebrações do 60º aniversário de libertação de Auschwitz. Falando em nome do papa na época, ele afirmou que a "Igreja estava profundamente entristecida pelo ódio, os atos de perseguições e as manifestações de anti-semitismo expressas contra os judeus em todos os tempos e em qualquer lugar."
Lustiger havia recebido de seus pais o nome de Aaron, que depois foi substituído para Jean-Marie quando ele foi morar com uma família cristã na cidade francesa de Orleans. Em agosto de 1940, ele foi batizado e se converteu para o catolicismo. Após o fim da segunda Guerra Mundial, estudou na Universidade de Paris (Sorbonne), onde se formou em letras.
Lustiger foi ordenado padre em 17 de abril de 1954 e, depois, permaneceu como capelão na Sorbonne até 1959. Nesse mesmo ano, assumiu como diretor do Centro Richelieu, um dos pontos de efervescência intelectual e espiritual da capital francesa. Só deixou o Centro Richelieu em 1969 para assumir como vigário na paróquia parisiense de Sainte-Jeanne-de-Chantal, onde ficou até 1979.
Em novembro de 1979, tornou-se bispo de Orleans, mas, menos de dois anos depois, em janeiro de 1981, foi promovido para arcebispo de Paris. Indicado para cardeal em fevereiro de 1983, Lustiger intensificou sua luta contra o racismo e a xenofobia, sendo uma das figuras centrais nas críticas ao fortalecimento da extrema direita européia, em especial a Jean-Marie Le Pen na França.
Escritor prolífico, publicou vários sermões, Lustiger entrou para a Academia Francesa em 1995. Para ele, o papa não precisa parecer um super-homem para governar a Igreja Católica. "O trabalho do papa é colocar em prática as palavras de Jesus Cristo."
Em relação a temas polêmicos, como o uso de camisinha no combate à AIDS, por exemplo, Lustiger faz parte da ala conservadora da Igreja. "Não dêem a morte. O respeito pela saúde e pela vida dos outros é um valor moral capital."