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Bancos restringem oferta de empréstimo consignado do INSS

Produto deixa de ser oferecido por correspondes bancários de quatro instituições por causa do teto de juros

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São Paulo

Alguns bancos do país estão restringindo a oferta de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) por meio de correspondentes bancários. Itaú Unibanco, Banco Pan, Mercantil, BMG e, agora, Bradesco confirmaram que não oferecem mais o produto por esse canal a novos clientes.

A decisão está ligada ao teto de juros do consignado, fixado em 1,66% ao mês para o empréstimo pessoal e em 2,46% para o cartão de crédito e o cartão de benefício, enquanto os custos de captação no mercado financeiro ultrapassam 14% ao ano, segundo os bancos.

A maior reclamação das instituições é que esse limite inviabiliza a operação por terceiros. A ABBC (Associação Brasileira de Bancos) foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o conselho que define a taxa.

Fachada de agência do Itaú iluminada, com carros e ciclistas passando à frente
Agência do Banco Itaú na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, São Paulo. - Divulgação

O consignado é um tipo de empréstimo concedido com desconto direto no benefício do INSS. A legislação permite comprometer até 45% da renda mensal —35% com empréstimos pessoais, 5% com cartão de crédito e 5% com cartão de benefício —e parcelar os pagamentos em até 84 meses.

O Itaú Unibanco afirma que suspendeu temporariamente a oferta do crédito consignado do INSS por meio de correspondentes bancários por causa do atual teto de juros. Segundo nota do banco, combinado com o aumento dos custos de captação, a operação fica inviabilizada.

"No entanto, o produto segue disponível para clientes que recebem o benefício no Itaú, com contratação realizada diretamente na rede de agências ou no aplicativo do banco", diz nota enviada à Folha.

O Banco Pan também paralisou novas operações por meio de correspondentes bancários. "A medida foi adotada devido à elevação dos custos de captação, incompatíveis com o teto de juros atualmente em vigor", informou a instituição.

Já o Banco Mercantil confirma a interrupção das operações por meio de correspondentes bancários pelo mesmo motivo. "O aumento dos custos de captação inviabiliza a continuidade da operação", disse.

A justificativa do Banco BMG, que também suspendeu a concessão de credito, foi semelhante: os custos de captação tornaram o modelo inviável dentro dos limites impostos pelo teto de juros.

O Bradesco comunicou nesta sexta-feira (13) a suspensão da oferta de crédito consignado INSS via correspondentes bancários, mas informou que segue oferecendo o produto por meio dos canais digitais como app Bradesco, banco na internet e caixas eletrônicos, e nas agências bancárias.

A suspensão ocorre em meio ao embate jurídico liderado pela ABBC, que contesta no STF a competência do INSS e do CNPS (Conselho Nacional de Previdência Social) para fixar os tetos de juros.

A entidade defende que essa atribuição é exclusiva do CMN (Conselho Monetário Nacional), conforme a lei 4.595/64, que regula o Sistema Financeiro Nacional.

Segundo a ABBC, o uso da taxa Selic como referência para o teto é inadequado, já que não reflete os custos de captação de longo prazo. A associação critica ainda a agilidade em reduzir os tetos de juros em períodos de queda da Selic, enquanto demora em ajustá-los diante de altas, como as verificadas recentemente.

Procurado pela reportagem, o MPS (Ministério da Previdência) não respondeu até a publicação deste texto. Em ocasião anterior, a pasta afirmou que as regras visam proteger consumidores contra práticas abusivas, especialmente em um contexto de alto endividamento entre aposentados e pensionistas.

Atualmente, 70 instituições financeiras estão conveniadas na Previdência para operar o empréstimo consignado, 41 para operar o cartão de crédito e 24 para o cartão de benefício.

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