O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta segunda-feira (13) que não houve nenhuma mudança na forma de a autarquia conduzir a política cambial, ressaltando que a autoridade monetária busca evitar disfuncionalidades nesse mercado.
Em evento do Bradesco Asset, Guillen afirmou que usualmente há uma "sazonalidade ruim" no câmbio em meses de dezembro, acrescentando que esse fator se somou a um fluxo negativo de dólares no país no encerramento do ano.
Ele também disse ter pouca dúvida de que a política de juros da autarquia está em patamar contracionista e está indo para "bastante contracionista". Segundo Guillen, ainda é cedo para discutir o eventual momento em que o BC irá parar o ciclo de alta nos juros.
Apesar do nível dos juros básicos, atualmente em 12,25% ao ano, o diretor afirmou que o dinamismo do consumo das famílias, impulsionado por gastos do governo, e o desempenho do crédito podem ser tratados como elementos mitigadores da política monetária.
De acordo com o Guillen, esse é um tópico delicado e a autarquia sempre se guiará pela confiança de que está colocando a inflação na meta.
Sobre o cenário fiscal, o diretor do BC disse que a meta de resultado primário do governo federal de 2024 tende a ser cumprida, considerando o limite inferior estabelecido, mas exige atenção.
"Há incertezas em relação ao cumprimento das metas nos próximos anos e as projeções dos analistas indicam trajetória crescente da dívida", disse.
A meta fiscal de 2024 é de déficit zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) para mais ou para menos.
De acordo com Guillen, nos debates feitos com o BC, agentes de mercado têm dado mais peso para a sustentabilidade da dívida pública, e não tanto para o atingimento da meta de resultado primário no ano.
Guillen voltou a defender que as políticas monetária e fiscal sejam harmoniosas e atuem de maneira contracíclica —atenuando ciclos de alta e baixa da atividade.
Ele acrescentou que o BC não fará qualificação sobre a condução da política fiscal pelo governo, mas leva esse quadro em consideração no trabalho para arrefecer a inflação.
O mercado tem questionado a capacidade do governo de promover uma estabilização do endividamento público. A desconfiança aumentou e gerou volatilidade em preços de ativos depois que a equipe econômica anunciou no fim do ano um pacote de ajuste fiscal considerado insuficiente, apresentado em conjunto com uma proposta de isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000.
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