A Dinamarca anunciou nesta segunda-feira (27) que vai destinar 14,6 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 12 bilhões) para reforçar sua presença militar no Ártico. A medida ocorre diante do renovado interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em controlar a Groenlândia, um território dinamarquês autônomo.
Neste mês, Trump disse que a Groenlândia é vital para a segurança dos EUA, e que a Dinamarca deve abrir mão do controle do território, considerado estratégico.
Após mais de uma década de cortes drásticos nos gastos com defesa, no ano passado a Dinamarca alocou 190 bilhões de coroas dinamarquesas (cerca de R$ 158 bilhões) para suas Forças Armadas ao longo de dez anos, parte dos quais agora foi destinada ao Ártico.
A Dinamarca, embora seja responsável pela segurança e defesa da Groenlândia, tem capacidades militares limitadas na ilha. Atualmente, as capacidades dinamarquesas incluem quatro embarcações de inspeção antigas, um avião de vigilância Challenger e 12 patrulhas de trenó puxadas por cães, todas encarregadas de monitorar uma área quatro vezes o tamanho da França.
O pacote anunciado pelo governo inclui o financiamento de três novas embarcações da Marinha, investimentos em drones de vigilância de longo alcance, dobrando o número desses equipamentos, bem como vigilância por satélite, disse o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen.
Os partidos políticos concordaram em reservar mais dinheiro para o Ártico em um acordo que deverá ser apresentado ainda na primeira metade deste ano.
As Forças Armadas dos EUA têm uma presença permanente na base de Pituffik, no noroeste da Groenlândia, uma localização estratégica para seu sistema de alerta antecipado de mísseis balísticos, já que a rota mais curta da Europa para a América do Norte passa pela ilha.
Um dia antes, Trump havia ridicularizado as tentativas da Dinamarca de defender a Groenlândia com patrulhas adicionais, e insistiu que os EUA assumiriam o controle ilha ártica. O ministro da Defesa da Dinamarca admitiu que o país nórdico não fez o suficiente para proteger o território autônomo da Groenlândia.
Trump começou seu segundo mandato com ameaças sobre anexar a Groenlândia, o Canal do Panamá e até mesmo o Canadá.
Autoridades europeias achavam que os comentários do republicano sobre buscar ter o controle da Groenlândia por motivos de "segurança nacional" fossem uma manobra de negociação para ganhar mais influência na Otan, a aliança militar liderada pelos EUA. Rússia e China também disputam posição na região do Ártico.
Mas em uma conversa tensa na semana passada com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, Trump destruiu essas esperanças. O presidente americano teria insistido sobre tomar para seu país a Groenlândia durante ligação telefônica com ela. Um dos funcionários do governo dinamarquês disse, sob a condição de anonimato, que o republicano ameaçou tomar medidas contra a Dinamarca, incluindo a imposição de tarifas.
Trump de fato ameaçou no início de janeiro impor tarifas à Dinamarca caso autoridades do país europeu se opusessem a ele. Ele ainda se recusou a descartar o uso de força militar para tomar o controle da Groenlândia.
A Groenlândia, com 57 mil habitantes, é um ponto de entrada para novas rotas de navegação que estão gradualmente se abrindo através do Ártico em razão do aquecimento global. A ilha também possui minerais abundantes, mas de difícil acesso e exploração.
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