Descrição de chapéu Líbano

Presidente escolhe novo primeiro-ministro do Líbano e volta a irritar o Hezbollah

Nawaf Salam recebeu apoio de cristão e sunitas, enquanto o grupo extremista, enfraquecido, não fez indicações ao cargo

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Beirute | Reuters

O novo presidente do Líbano, Joseph Aoun, deverá nomear o presidente do Tribunal Internacional de Justiça, Nawaf Salam, como primeiro-ministro após ele ser indicado pela maioria dos parlamentares nesta segunda-feira (13). A decisão irritou o Hezbollah, que acusou seus adversários no Congresso de excluir representantes do grupo xiita das decisões do país.

A escolha de Salam ressalta uma mudança no equilíbrio de poder entre as facções do Líbano desde que o grupo extremista, apoiado pelo Irã, foi duramente atingido na guerra contra Israel, iniciada no ano passado.

Um juiz está sentado em uma cadeira de tribunal, usando uma toga preta e uma gravata branca. Ele tem cabelo grisalho e usa óculos. O fundo mostra uma parede de madeira e uma cadeira com o emblema de uma corte internacional.
O juiz Nawaf Salam, presidente da Corte Internacional de Justiça, discursa durante audiência em Haia, Holanda - Yves Herman - 16.mai.24/Reuters

O presidente disse que Salam, atualmente fora do país e com retorno previsto para terça (14), obteve o apoio de 84 dos 128 parlamentares. Aoun, então, convocou-o para formar o governo.

Salam obteve apoio de facções cristãs e drusas, além de deputados muçulmanos sunitas, incluindo oponentes do Hezbollah que há muito exigem que a facção abandone seu poderoso arsenal, sob o argumento de que isso minou o Estado libanês.

Mas os parlamentares do Hezbollah e de seu aliado, o Movimento Amal, que ocupam todos os assentos reservados para xiitas no Parlamento, não indicaram ninguém ao cargo, mostrando que atualmente não pretendem participar do governo e levantando a perspectiva de uma divisão sectária caso permaneçam fora.

O deputado sênior do Hezbollah, Mohammed Raad, cujo grupo apoiado pelo Irã queria que o primeiro-ministro-interino, Najib Mikati, permanecesse no cargo, disse que seus oponentes no Congresso estavam trabalhando pela "fragmentação e exclusão". Ele disse que o grupo "estendeu a mão" ao eleger Joseph Aoun como presidente na semana passada apenas para ver posteriormente a "mão cortada".

"Qualquer governo em desacordo com a convivência não tem absolutamente nenhuma legitimidade", disse Raad. O grupo agirá com calma e sabedoria "em prol do interesse nacional", acrescentou.

A eleição na semana passada do comandante do Exército, o general Aoun, que contou com o apoio dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, foi outro sinal de mudanças no cenário político, no qual o Hezbollah detinha há muito tempo um papel decisivo.

Isso marcou um renascimento da influência saudita em um país onde ela havia sido eclipsada pelo Irã e pelo Hezbollah há anos.

Em discurso à Câmara do país ao ser eleito presidente, Aoun prometeu trabalhar para garantir que o Estado libanês tenha o direito exclusivo de portar armas, numa mensagem direcionada também ao Hezbollah. Ele recebeu aplausos entusiasmados, enquanto os parlamentares do grupo islâmico, que também é um partido político, ficaram imóveis.

A eleição de Aoun e a designação de um novo primeiro-ministro são passos em direção à revitalização das instituições governamentais libanesas, que estão paralisadas há mais de dois anos, sem ter um chefe de Estado nem um gabinete plenamente empoderado.

Faisal Karami, um deputado sunita alinhado com o grupo, disse que havia indicado Salam, citando demandas por "mudança e renovação" e promessas de apoio árabe e internacional ao Líbano.

O deputado cristão Gebran Bassil afirmou que Salam era o "rosto da reforma". "A esperança está na mudança", disse ele.

A nova administração enfrenta enormes desafios, incluindo reconstruir áreas devastadas por ataques aéreos israelenses durante a guerra com o Hezbollah, e lançar reformas há muito paralisadas para revitalizar a economia e abordar as causas fundamentais do colapso do sistema financeiro do Líbano em 2019.

Aoun disse que espera uma formação de governo suave e rápida.

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