O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tentará justificar seus planos de fechar a fronteira com o México a partir de uma emergência de saúde pública relacionada a imigrantes levando doenças para o país. Auxiliares do republicano buscam uma doença para justificar a ação.
Trump invocou pela última vez restrições de saúde pública nos primeiros dias da pandemia em 2020, quando a Covid-19 se espalhava pelo mundo —a medida ficou conhecida como Título 42, que permitia a expulsão de migrantes sob argumentos sanitários. À medida que se prepara para assumir o cargo novamente, Trump, porém, não tem um desastre de saúde pública para justificar suas ações.
Ainda assim, seus conselheiros passaram os últimos meses tentando encontrar a doença certa para construir seu caso, de acordo com quatro pessoas familiarizadas com as discussões. Eles consideraram a tuberculose e outras doenças respiratórias como opções e pediram a aliados dentro da Patrulha da Fronteira exemplos de enfermidades que estão sendo detectadas entre os migrantes.
Eles também consideraram tentar racionalizar o Título 42 argumentando amplamente que os migrantes na fronteira vêm de vários países e podem carregar doenças desconhecidas —uma afirmação que ecoa uma noção racista com longa história nos EUA de que minorias transmitem infecções. A equipe de Trump não respondeu a um pedido de comentário.
O plano de invocar as restrições de fronteira com base em casos esporádicos de doença ou mesmo um medo vago de doença —em vez de um grande surto ou pandemia— seria um uso radical da medida de saúde pública em busca de uma repressão à imigração.
Mas os conselheiros de imigração de Trump, liderados por Stephen Miller, sua escolha para vice-chefe de gabinete, acreditam que estão entrando em um ambiente político que receberá com mais entusiasmo a aplicação mais agressiva das leis de fronteira, de acordo com pessoas familiarizadas com o planejamento.
O presidente Joe Biden usou o argumento sanitário para barrar milhares de migrantes antes de eventualmente decidir suspender o Título 42, bem depois que seus conselheiros de saúde pública disseram que as restrições não eram mais úteis para o propósito de interromper a propagação de doenças.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças, não a Casa Branca, é responsável por avaliar se a regra de saúde pública é necessária na fronteira.
Os conselheiros de Trump também discutiram declarar uma emergência nacional para liberar fundos do Departamento de Defesa e mover militares, aeronaves e outros recursos para a fronteira.
Eles também querem reviver uma política que obrigava os migrantes a esperar no México, em vez de em território americano, até a data da audiência que julgue seus casos.
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