A pandemia de Covid-19 causou queda mundial na expectativa de vida populacional. No Brasil, ela foi de 76,2 anos em 2019 para 72,8 em 2021. Mas, de acordo com levantamento do IBGE divulgado nesta sexta (29), o país conseguiu superar o nível anterior à crise sanitária, ao atingir 76,4 anos em 2023 —alta de 11,3 meses ante 2022.
A boa notícia é acompanhada por desafios, já que o indicador produz impactos no sistema de saúde e na Previdência Social. Ademais, ainda há espaço para mais aumento, o que exige bom desenho de políticas públicas.
Segundo relatório da ONU deste ano, em todo o mundo a expectativa de vida caiu de 72,6 anos em 2019 para 70,8 em 2021. O nível pré-pandemia também foi superado, com 73,1 em 2023.
Apesar de o Brasil estar acima da média global, ainda se encontra distante de nações desenvolvidas, onde superam-se os 80 anos —na América do Sul, só o Chile alcançou o feito, com 81,7.
Além de fatores culturais, nações com alta expectativa de vida no geral aproveitaram seu bônus demográfico para desenvolver a economia e, assim, melhorar serviços públicos na área da saúde.
O Brasil, com trajetória de baixo crescimento, não tem aproveitado a janela de oportunidade representada pela sua população jovem. Janela que tende a se fechar, com alta no número de pessoas acima dos 65 anos e queda no total daquelas entre 0 e 14 anos, que constituirão o estrato produtivo no futuro.
O resultado é aumento de pressão sobre a Previdência, para sustentar inativos, que absorve verbas que poderiam ser direcionadas para a saúde pública, setor que precisa de incrementos para cuidar justamente dos mais longevos e contribui para a elevação da expectativa de vida.
O IBGE também mostra que no ano passado, entre os homens, o indicador marcou 73,1 anos, e, entre as mulheres, 79,7. Tal diferença entre os sexos é comum. Pesquisas mostram que a população masculina está mais sujeita à violência urbana e a comportamentos de risco. Assim, a alta taxa de criminalidade no Brasil é outro fator que colabora para que o país tenha dificuldades para elevar a expectativa de vida.
Após aumento mundial robusto da expectativa de vida durante o século 20, estudos mostram que ela vem se desacelerando, e que isso se deve a limites do próprio corpo humano.
Mesmo assim, os brasileiros ainda têm muito tempo a ganhar. Para isso, é preciso que governos usem os indicadores para fazer reformas, diminuir gastos e alocar recursos de modo racional.
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