Descrição de chapéu O que a Folha pensa clima

Desmatamento cai, mas continua distante do zero

Governo Lula obtém bons resultados na amazônia e no cerrado, mas precisa acelerar para cumprir a meta estipulada para 2030

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Pastagem ao lado de fragmento de floresta amazônica na cidade de Paragominas (PA); desmatamento e agropecuária respondem por 74% das emissões de carbono brasileiras - Danilo Verpa - 24.ago.2024/Folhapress

A comitiva brasileira desembarca nesta segunda-feira (11) em Baku, no Azerbaijão, com um trunfo para a COP29: recuaram as taxas de desmatamento na amazônia e no cerrado. Sede da próxima cúpula do clima, a COP30, em Belém, o país teria, contudo, de dar passos bem mais largos para se firmar como a liderança verde que almeja ser.

Na Amazônia Legal, o corte raso medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais caiu 30,6% de 2023 para 2024. No cerrado, ora o bioma mais ameaçado do Brasil, a queda é de 25,7%.

A reunião de chefes de Estado e ministros começa em atmosfera fúnebre com a eleição de Donald Trump. Como em seu primeiro mandato (2017-20), o republicano promete tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris (2015) e até da Convenção do Clima da ONU.

O esforço internacional para mitigar o aquecimento global perderia, nessa hipótese, o empenho do segundo maior emissor mundial de carbono. Cresce, por contraste, o peso relativo do Brasil, que, no entanto, aumentou emissões nos últimos cinco anos.

Levantamento da London School of Economics indicou que o país, distante 13º poluidor climático global, não se encontra em trajetória sequer para cumprir o compromisso assumido em Paris. E, menos ainda, a meta do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de zerar o desmate até 2030.

Perda de vegetação natural e agropecuária, juntas, respondem por dois terços do carbono emitido no Brasil. Chega como ótima notícia, assim, que em 2023 a emissão tenha recuado 12%, em linha com o desmatamento em queda —mas as áreas devastadas, por óbvio, ainda preocupam.

Perderam-se 6.288 km2 de floresta amazônica, mais que o quádruplo da área do município de São Paulo, o menor índice em nove anos. No cerrado, bioma que tem metade da extensão da Amazônia, a superfície desflorestada foi maior: 8.174 km2.

Embora no rumo certo, o governo brasileiro precisa fazer mais. Faltam apenas seis anos para cumprir a meta assumida de desmatamento zero em 2030.

Seria irresponsável regozijar-se com o feito nada desprezível de reduções na destruição de florestas por dois anos consecutivos. Elas totalizaram 45% de diminuição sobre o período de Jair Bolsonaro (PL) no Planalto (2019-22).

Com a maior floresta tropical do mundo e matriz energética limpa, o Brasil reúne condições para ser uma potência ambiental. Para brilhar em Belém, precisa se decidir entre os objetivos de preservar a amazônia e explorar jazidas de combustíveis fósseis na sua margem equatorial.

editorial@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.