Descrição de chapéu Meta Governo Lula

Haddad relaciona decisão da Meta sobre fim de checagem à trama golpista

Secretário de Políticas Digitais do governo também criticou decisão da empresa

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Brasília

A decisão da Meta de encerrar o recurso de checagem de fatos das plataformas repercutiu no governo Lula (PT). O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse em entrevista que a medida preocupa e a relacionou tanto às fake news das eleições de 2018 quanto à trama golpista após o pleito de 2022.

"Tivemos hoje um anúncio de uma importante organização de comunicação mundial, global, dizendo que vai retirar de seus controles os filtros de fake news, aderindo um pouco à mentalidade de que liberdade de expressão inclui calúnia, mentira difamação, e tudo mais. O que nos preocupa", disse o ministro, em entrevista à GloboNews nesta terça-feira (7).

"Nós vimos o que aconteceu em 2018 com a democracia brasileira com relação às fake news, vimos o que aconteceu depois da eleição de 2022 e dos preparativos não só de um golpe de Estado no Brasil, mas do assassinato de pessoas."

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anuncia mudanças na política de checagem de fatos - Brendan Smialowski - 31.jan.2024/AFP

Haddad afirmou que o mundo está mais complicado e, ao comentar a economia, disse que as coisas andam bem, mas que é necessário cuidar da democracia.

"Temos de cuidar das nossas instituições, da integridade das pessoas e das informações que são divulgadas para evitar pânico, para evitar que as pessoas no desespero acabem abraçando ideologias extremistas que ponham a perder liberdades individuais", completou.

Mais cedo, o Secretário de Políticas Digitais da Secom (Secretaria de Comunicação) do governo, João Brant, criticou a decisão em publicação no X (antigo Twitter).

Brant disse que a decisão da empresa de Mark Zuckerberg, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, vai deixar de proteger direitos individuais e coletivos, além de sinalizar que a empresa não respeita a soberania dos países sobre seus ambientes digitais.

Para ele, as mudanças mostram um claro alinhamento à política do presidente eleito nos Estados Unidos, Donald Trump, e um "convite ao ativismo da extrema direita".

"O anúncio feito hoje por Mark Zuckerberg antecipa o início do governo Trump e explicita aliança da Meta com o governo dos EUA para enfrentar União Europeia, Brasil e outros países que buscam proteger direitos no ambiente online (na visão dele, os que ‘promovem censura’)", disse no post.

Nesta terça, Zuckerberg anunciou o conjunto de mudanças em suas práticas de moderação de conteúdo que encerrariam seu programa de checagem de fatos de longa data. A política foi instituída há anos para conter a disseminação de desinformação em seus aplicativos de mídia social.

Em vídeo no qual comentou a decisão em sua conta no Instagram, Zuckerberg atacou "decisões secretas" de tribunais latino-americanos. Sem citar o STF (Supremo Tribunal Federal) explicitamente, disse que governo americano precisa ajudar a combater o que está sendo feito pelo Judiciário na região.

Na postagem, o secretário do governo Lula disse ainda que a declaração do CEO se refere ao STF como uma 'corte secreta' e ataca os checadores de fatos.

"Meta vai atuar politicamente no âmbito internacional de forma articulada com o Governo Trump para combater políticas da Europa, do Brasil e de outros países que buscam equilibrar direitos no ambiente online", afirma.

Com as mudanças, em vez de usar organizações de notícias e outros grupos de terceiros, a big tech dependerá dos usuários para incluir correções ou observações a postagens que possam conter informações falsas ou enganosas.

Será adotada política semelhante à do X, do bilionário Elon Musk, que integrará a Trump. Na plataforma, a correção de informações enganosas é feita apenas pelas "notas da comunidade".

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